Depoimento...Fisioterapia?

Sou aluna da graduação de Fisioterapia da Federal de Sergipe e atualmente estou em transição para Enfermagem.

Minha pretensão é partir para a área do ensino/pesquisa e a enfermagem ainda proporciona um leque que sopra a saúde como um todo, principalmente na área onde quero focar, que é a saúde pública, aliada à gestão de recursos humanos e materiais na saúde brasileira, e a Fisioterapia ainda não tem uma área tão consolidada quanto.

Sim, estou abandonando a Fisioterapia.

Preciso, para meus planos, de uma área que enfoque a saúde em seu âmbito geral, público, hospitalar, humanitário, como outras coisas que busco e que ainda não sei, em minha mente graduanda, discorrer completamente o meu objetivo profissional.

Pois é. Estou me desligando da Fisioterapia.

O amplo conhecimento das políticas públicas na saúde, em termos gerais, só seria possível em uma área que fosse ampla em igualdade. A enfermagem proporciona isso. Conhecimento medicinal conjunta à famosa “arte do cuidar”.

Então, estou me desligando da Fisioterapia.

Pretendo ter o conhecimento essencial para saber julgar uma prática da enfermagem, da medicina e das outras áreas da saúde, para saber cobrar de maneira justa os procedimentos dos profissionais que por ventura eu viesse a monitorar.

Na verdade...

Para ser fisioterapeuta é preciso ter uma alma infinitamente grande. Ter uma ligação específica com essa ciência. É o que eu reconheço em não ter. Apesar de minha sede pelo amplo conhecimento da saúde, sou medíocre aprendiz da Fisioterapia em si.

Na verdade, não sou eu que estou deixando a Fisioterapia. Foi que ela não reconheceu em mim o perfil humano apto a representá-la integral e dignamente. E eu soube entender os sinais.

Dentro da fisioterapia, observando os futuros profissionais, fazendo uma auto-avaliação, digo de todo meu coração, que ser fisioterapeuta é um DOM e não uma vocação. É preciso tê-lo, acima de tudo, para estar totalmente interligado com a prática da profissão e ser o melhor nisso. E até conheço poucos, por onde passei nessa vida, que serão capazes de serem bons na Fisioterapia. Poucos mesmo.

Por tudo isso, envergonho-me e recuso-me de me formar portando seu título tão nobre e ser (mais) uma profissional tão medíocre quanto sou aprendiz. Recuso-me a ser ruim! Principalmente na Fisioterapia.

A Fisio, eu sei e posso dizer, é uma ciência muito bem fundamentada, em constante expansão, é humana e quase miraculosa mesmo. É técnica precisa e paixão profissional ali, atuando juntas e usando este profissional – escolhido a dedo pela própria profissão – como instrumento capaz de devolver a funcionalidade, bem-estar e vontade de viver dos pacientes. É preciso amar estar capaz de proporcionar tudo isso a um ser humano. Isso é ser fisioterapeuta.  

Escrito por: Merieny C. Gatto, 20 anos, Aracaju/SE